De
acordo com uma lenda indígena comum entre várias tribos da América do
Norte, skinwalker é o nome que se dá ao indivíduo que sofre de uma
maldição obscura e ancestral que a incontáveis gerações vem fazendo com
que homens se transformem em feras assassinas nas noites de lua cheia.
Ao longo dos anos, várias foram as produções cinematográficas e
televisivas que utilizaram o mito dos skinwalkers como premissa para
obras que têm lobisomens como figuras centrais. Na excelente série de TV
exibida pela Rede Globo entre o final do anos 1980 e início dos anos
1990 com o título de “O Lobisomem ataca de novo” existe um episódio
chamado “Noite de lua cheia” , mas cujo título original em inglês é
“Skinwalker” e mostra o protagonista Eric Cord sendo ajudado por um
velho feiticeiro indígena na busca pela cura de sua licantropia, ao
mesmo tempo em que procuram por outro lobisomem que vem fazendo vítimas
em meio a população de uma reserva. Na primeira temporada da cultuada
série “Arquivo X” também encontramos um episódio denominado “A besta
humana” (Shapes) onde a famosa dupla de agentes federais investiga
algumas mortes ocorridas nas imediações de uma área indígena, onde os
habitantes locais escondem um segredo relacionado a maldição skinwalker.
Também podemos mencionar o péssimo filme “Werewolf – A noite do lobo”,
de 1996, onde uma maldição licantrópica é desencadeada por um fóssil
misterioso que os índios do interior do Arizona diziam pertencer a um
skinwalker.No ano de 2006, mais um longa-metragem norte-americano resgatou a popular lenda indígena dos homens-feras para utilizá-la como ponto de partida para uma história de lobisomens. Neste caso específico, atrelada à lenda, é desenvolvida também a idéia de uma profecia igualmente remota dando conta que, em uma determinada data, irá ocorrer um eclipse lunar, onde a lua ficará vermelha, e nessa noite um jovem filho de um skinwalker com uma mulher humana estará completando treze anos e passará a abrigar em seu próprio corpo um poder capaz de destruir todos os demais skinwalkers. Os lobisomens (werewolves), como são chamados os skinwalkes na cultura ocidental, aguardam essa noite com ansiedade. Para muitos, será a tão aguardada noite em que vislumbrarão da possibilidade de livrarem-se da maldição que tanto os atormenta. Mas para outros, aqueles que sentem prazer em desenvolver suas atividades carnívoras lunares, essa data representa uma ameaça, que pode fazer com que eles percam a força sobrenatural que possuem e consideram um dom. Com a proximidade da data profética, surgem dois grupos distintos de lobisomens: aqueles que querem acabar com o garoto messiânico, a fim de manter viva a maldição, e aqueles que querem protegê-lo, na expectativa de que ele os liberte de seu tormento. Um confronto sangrento entre ambos os grupos será então travado para decidir o destino da raça licantrópica.
Essa é a premissa básica do filme “Skinwalkers – Amaldiçoados”
(2006) dirigido por James Isaac (Jason X) e protagonizado por um elenco
repleto de caras conhecidas pelos fãs de filmes de terror e suspense,
como Jason Behr (O Grito), Shawn Roberts (Terra dos Mortos, Diário dos
Mortos), Matthew Knight (O Grito 2, O Grito 3) e no papel principal a
bela Rhona Mitra, que já pode ser considerada uma musa do cinema
fantástico contemporâneo, estando presente também em obras como “O
número 23”, “Juízo Final” e mais recentemente “Anjos da Noite 3”.
Embora deixe algumas pontas soltas, não devidamente
explicadas, o roteiro tem uma idéia central interessante, e várias
idéias secundárias que me pareceram boas, como por exemplo: a sociedade
secreta de lobisomens que vivem em meio às pessoas comuns, mas que nas
noites de lua cheia se reúnem e se trancafiam para não revelar sua real
condição e não ferir ninguém; o grupo que há anos vem acompanhando e
protegendo disfarçadamente o garoto que julgam ser o elemento-chave da
profecia, e a abordagem da gangue de lobisomens motoqueiros que, quando
em sua forma humana, se vestem como rockeiros malvados e saem por aí
andando de Harley-Davidson. Também gostei do caminhão anti-lobisomem,
construído por alguns personagens na expectativa de utilizá-lo caso a
guerra entre os monstros viesse realmente a acontecer, e a instigante
abordagem da relação entre um casal da gangue de lobisomens motoqueiros,
que metaforiza o paralelo seminal entre sede de sangue e desejo sexual.
Mas também fica evidente que alguns elementos poderiam ser mais bem
trabalhados, como as reações dos seres humanos normais ao se verem em
meio a um confronto entre lobisomens, o passado do personagem Varek
(Jason Behr) e a difusão da profecia.
Quanto ao visual dos lobisomens propriamente ditos, não há
nada de especial: são criaturas bípedes, semi-vestidas, que lembram um
pouco os monstros do filme “Lobo” de Mike Nichols. Apesar de simples,
ficou até satisfatório e coerente com a proposta do filme. Infelizmente,
também não há nenhuma grande cena de transformação.
Embora esteja muito longe de atingir o nível dos filmes de
lobisomem clássicos, em especial aqueles produzidos na década de 1980,
“Skinwalkes – Amaldiçoados” tem um enredo que foge do lugar comum, boas
cenas de ação, belas atrizes, e um trabalho de cenografia e fotografia
acima da média para filmes do gênero e, por isso tudo, acaba sendo uma
opção recomendável para quem tiver interesse em assistir uma obra
descompromissada e despretensiosa, porém divertida.







































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