ABBY: The Black Exorcist - 1974


Conhecido como o primeiro “clone” de O Exorcista a chegar aos cinemas norte-americanos, Abby foi lançado pela American International Pictures (AIP) no final de 1974. Abby teve a direção de William Girdler, roteiro de Girdler em parceria com Gordon Cornell Layne e participação de Carol Speed e William “Blackula” Marshal.  

Abby Williams, uma conselheira matrimonial (interpretada por Carol Speed) é possuída por um demônio da luxúria libertado pelo seu sogro, o Bispo Garnet Williams (William Marshall), um exorcista que detonava o capeta na África. Depois de possuída e tocar o inferno nos Estados Unidos a única esperança da pobre Abby é que o sogrão volte para casa, junto com seu filho e um policial para realizar um exorcismo africano sobre ela para retirar de seu corpo puro (?) a sanha do demônio.

Apesar de ser considerado um dos blackxploitation mais podres do mundo, Abby é estupidamente divertido. A velocidade da trama é muito “over-the-top” em alguns pontos, mas tudo funciona como deveria funcionar.  O diretor William Girdler desperdiça pouco tempo (o filme tem apenas 85 minutos), mas entrega alguns bons momentos como quando a entidade é lançada pela primeira vez em uma caverna e quando ela entra na casa dos Williams. E como era de se esperar a Warner Bros. aparentemente processou a AIP (American International Productions) por plágio, impedindo o filme de ser exibido em alguns cinemas na época. Depois que o filme foi retirado, nunca mais a AIP conseguiu colocá-lo novamente em circulação, mesmo após as questões legais serem resolvidas. E a praga da WB permanece até hoje com o filme de W. Girdler estacionado numa coluna Cult sem nunca ter sido legalmente liberado para televisão ou vídeo. Em minha opinião eu achei uma puta sacanagem porque, fora a ideia de exibir uma garota possuída de boca suja, existe muito pouco do romance de William P. Blatty nesta pérola blackxploitation e eu duvido muito que a Warner Bros. detenha os direitos autorais sobre todos os filmes cujo tema seja possessão demoníaca.

De acordo com o próprio romancista do livro, o escritor William Peter Blatty, que estava no set de filmagens de Abby "o diretor William Girdler estava apenas tentando fazer uma versão diferente de O Exorcista e eu não tinha visto problema algum nisto". O que eu não entendo foi se Blatty disse que o filme de Girdler era inofensivo e serviria como uma espécie de “homenagem” ao Exorcista por que então correu atrás da Warner Bros. para processar o pobre Girdler? (se bem que até hoje ele ainda discorda disso!)

De qualquer forma, Abby não deixa de ser um espetáculo à parte. Assim como a sua parceira branquela, esta possuída afro(disíaca) não decepciona quando o assunto são palavrões, coisas (e até pessoas!) voando, uma onda de tesão incontrolável ao tomar banho ou desossar um frango, rasgar as roupas e falar obscenidades aos amigos e diferente de Linda Blair, esta senhorita encapetada não desperdiça sua libido em objetos inanimados, preferindo um bacanal em um bar cheio de homens banhados no álcool e no vício. A atuação dos negões no boteco é impagável...

Por mais que toda a nata diga que Abby seja um plágio de “O Exorcista” eu acredito  que a cópia seria mesmo do Evil Dead de Raimi tanto pela atuação da sapeca Carol Speed quanto pela voz de Bob Holt, que me divertiu durante toda a sua aparição como o “eshu”.


Título: Abby
Ano: 1974
País: EUA
Direção: William Girdler
Roteiro: William Girdler, Gordon Cornell Layne
Duração: 89 min.
Elenco:
William Marshall (Bispo Garnet Williams)
Terry Carter (Reverendo Emmett Williams)
Austin Stoker (Detetive Cass Potter)
Carol Speed (Abby Williams)
Juanita Moore (Miranda 'Mama' Potter)
Charles Kissinger (Dr. Hennings)
Elliott Moffitt (Russell Lang)
Nathan Cook (Tafa Hassan)
Nancy Lee Owens (Sra. Wiggins)
Claude Fulkerson (Benny)
William P. Bradford (Dr. Rogers)
Bob Holt (voz do Demônio)


Produção em preto e branco de Sam Katzman (Clover Productions), dos saudosos anos 50 do século passado. Com duração curta (apenas 70 minutos), foi apresentado pelo canal de TV a cabo Cinemax como Os Zumbis de Mora Tau, sendo que o primeiro título nacional que recebeu quando exibido por aqui foi O Fantasma de Mora Tau. A direção é de Edward L. Cahn (1899/1963), o mesmo cineasta de outras tranqueiras do período como A Ameaça do Outro Mundo (58) e Invasores Invisíveis (59), e no elenco temos a bela Allison Hayes (1930/1977), mais conhecida pelo papel título de A Mulher de 15 Metros (58).

Um grupo de dez marinheiros é vítima de uma maldição, transformando-se em zumbi após o naufrágio de seu navio 60 anos atrás na costa da África. Eles são obrigados a proteger um tesouro de diamantes numa caixa dentro do navio afundado, não permitindo que ninguém roube as pedras preciosas, com várias expedições de caçadores de tesouros sucumbindo à sua fúria e aumentando a população do cemitério local. Porém, não acreditando nas lendas e rumores sobre a existência dos guardiões mortos-vivos, uma nova expedição financiada pelo ambicioso George Harrison (Joel Ashley) tenta encontrar os diamantes. Fazem ainda parte da equipe, sua bela esposa Mona Harrison (Allison Hayes), o mergulhador galã Jeff Clark (Gregg Palmer) e o pesquisador Dr. Jonathan Eggert (Morris Ankrum). Em paralelo, uma velha senhora (Marjorie Eaton) que mora na região e é a viúva do capitão do navio naufragado, recebe a visita de sua bisneta Jan Peters (Autumn Russell), e tem interesse na chegada da expedição para tentar eliminar o tesouro amaldiçoado e com isso libertar os zumbis de seu tormento de décadas. 

Bagaceira divertida justamente pela overdose de falhas, que vão desde furos no roteiro, clichês, situações absurdas, diálogos patéticos e interpretações toscas do elenco. Não podendo deixar de citar as incrivelmente hilárias cenas supostamente aquáticas com os mergulhadores à procura do tesouro e os ataques de zumbis submersos (muitos anos antes dos zumbis aquáticos de Zombie – A Volta dos Mortos, 1979, de Lucio Fulci, e de O Lago dos Zumbis, 1981, dirigido por Jean Rollin e com roteiro de Jess Franco).

Curiosamente, no texto original de abertura do filme, foi utilizado o termo “twilight zone”, que é o nome de uma das mais importantes séries de TV da história do cinema fantástico, Além da Imaginação, dois anos antes de seu lançamento em 1959. Ao contrário do que acontece principalmente desde o início do século 21, onde o sub-gênero dos zumbis é explorado à exaustão, com o lançamento de dezenas de filmes a todo momento, na época da produção de Os Zumbis de Mora Tau, os roteiros envolvendo mortos-vivos eram escassos e se inspiravam geralmente no vodu e magia negra, e somente bem depois os zumbis seriam apresentados como cadáveres putrefatos comedores de carne humana. Dentro dessa ideia, podemos considerar o filme como um dos poucos antigos precursores desse sub-gênero tão popular atualmente, e que depois do clássico A Noite dos Mortos-Vivos (68), de George Romero, ganhou tanta força e motivação para se tornar um dos principais temas do cinema de horror.


(RR – 23/12/14)

Suicide Girls Must Die - 2010

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L'Uccello dalle Piume di Cristallo (The Bird with the Crystal Plumage - 1970)


O subgênero Giallo pegou sua alcunha emprestada do termo pejorativo de publicações de livros de bolso (ou publicações pulp, se preferir) de suspense e mistério, cuja característica era suas capas amarelas (daí o termo giallo, “amarelo” em italiano e cujo plural correto seria gialli). Quem deu o pontapé inicial nesses filmes, com seus misteriosos assassinos de luvas pretas e lâminas reluzentes, foi o mestre Mario Bava, no começo dos anos 60, com obras como La Ragazza che Sapeva Troppo e I Tre Volti della Paura/Black Sabbath, ambos realizados em 1963, e Sei Donne per l'Assassino de 1964.

Ao longo da década de 1960 foi realizado um número razoável de gialli feito por diretores diversos como: Vittorio Sala e Gorge Marshall (ambos co-dirigiram “L'Intrigo”, 1964), Giulio Quest (“La morte ha fatto l'Uovo”), Riccardo Freda (“A Doppia Faccia”, 1969), Umberto Lenzi (“Così dolce... così perversa”, 1969) e até o sacana do Tinto Brass soltou seu exemplar, com o híbrido Col Cuore in Gola (1967), uma mistura de giallo com pop art, influenciado pela novelle vague!


Como podem ver o giallo já rondava os becos escuros do cinema italiano ao longo dos anos 60, mas foi com o estrondoso sucesso comercial de uma obra de 1970, dirigida por um jovem estreante, que esse subgênero ganhou grande popularidade, pipocando vários exemplares. O filme em questão se chama O Pássaro das Plumas de Cristal, seu diretor: Dario Argento. No começo do filme sabemos que um serial killer anda aprontando pelas ruas de Roma, fazendo belas mulheres de vítimas. A polícia se mostra inoperante, como de hábito nos gialli, e a imprensa se delicia com o escarcéu que cria em cima dos crimes. Alheio no momento a tudo isso temos o protagonista Sam Dalmas (Tony Musante), um escritor norte-americano que, numa crise criativa, foi passar uma temporada em Roma, “nada acontece na Itália” aconselhou um amigo seu. O máximo de trabalho que Sam conseguiu no país da bota foi fazer um catálogo sobre aves.

Numa bela noite, Sam está voltando para casa quando assiste uma tentativa de assassinato dentro de uma galeria, obviamente que nosso bom samaritano vai tentar impedir o crime. Porém, graças à astúcia do criminoso, Sam fica preso num vão, entre as portas de vidro, interna e a externa, da galeria. Enquanto o assassino foge, nosso protagonista testemunha a agonia da vítima, até a chegada da polícia. A vítima sobrevive, ela se chama Monica (Eva Renzi), é casada como dono da galeria de arte, o sr. Alberto Ranieri (Umberto Raho).

Interrogado exaustivamente, Sam sabe que viu algo de errado, mas por mais que revire suas lembranças, não consegue identificar o eixo que não encaixa. O inspetor Morosini (Enrico Maria Salerno), na esperança de que Sam lembre mais alguma coisa, acaba confiscando o passaporte do norte-americano.


Nosso protagonista está impedido de sair do país (ele planejava voltar para os EUA dentro de dois dias), como se isso não fosse ruim o suficiente, o escritor acaba sofrendo ataques do próprio assassino, colocando em risco não só a vida do protagonista, mas também de sua namorada italiana, Julia (interpretada por Suzy Kendall que depois estrelaria “Torso”). Restará a nosso herói investigar o caso por conta própria, até chegar a uma conclusão bizarra.

Enquanto isso o assassino fará novas vítimas, como a antológica cena em que ataca uma moça em seu quarto, e que acabaria inspirando um dos pôsteres de cinema do filme. A moça em questão é a belíssima Rosita Torosh, creditada aqui como Rosita Toros, que na época chegou a ser a presidente da Sociedade Naturista Italiana! Morreu de câncer em 1995, aos 50 anos. Vale lembrar que uma das chaves que elucida o caso é o pássaro que dá nome ao título, que segundo o filme seria uma rara ave oriunda da Sibéria, cujo nome cientifico seria Hornitus Nevalis, que na verdade não existe. A ave que mostram é nada mais que um grou-coroado-oriental, ave típica da savana africana, lugar bem distante da Sibéria, diga-se de passagem.

Ex-crítico de cinema e ex-roterista (seu trabalho mais célebre foi o script, escrito a quatro mãos com Bernardo Bertolucci, para o clássico “Era uma Vez no Oeste”), Dario Argento resolveu remangar as mangas e botar mãos a obra. Seguindo a escola deixada por Bava (que reza a lenda detestou “O Pássaro das Plumas de Cristal”, acusando o filme de ser mero plágio do seu “La Ragazza che Sapeva Troppo”). Segundo alguns, inspirado num conto de Frederic Brown, outras fontes alegam Edgar Wallace como inspiração, o fato é que o jovem diretor criou um filme instigante e de forte apelo visual, que segundo dizem, teria impressionado até Hitchcock na época.


Filmado em seis semanas, com o custo em torno de 500 mil dólares. A estreia de Dario Argento se deu com o apoio do pai, o produtor de cinema Salvatore Argento, em parceria com o produtor alemão Artur Breuner, ou seja, uma co-produção entre Itália e Alemanha. Outro colaborador importante foi o vizinho e amigo da família Ennio Morricone. Detalhe: quem conduziu a trilha composta por Ennio foi o maestro Bruno Nicolai, pupilo de Morricone, e que depois se notabilizaria por criar várias trilhas inesquecíveis de Gialli.

Embora com todo apoio fraternal, nem tudo foram flores, um produtor executivo não acreditava no filme, achando muito violento, ao ponto de querer tirar Argento das filmagens. Achava que o filme seria um fracasso, até ver a reação de sua secretária, que teria passado mal durante uma exibição-teste, o tal executivo acabou mudando de ideia a partir daí. Outra presença marcante na realização do filme foi o diretor de fotografia Vitorio Storatto, na época também um novato, depois ele faria filmes como Apocalipse Now e viraria colaborador frequente de Bernardo Bertolucci.

Aqui não temos ainda as experimentações cromáticas de Argento, o uso forte de cores, principalmente o vermelho, que seriam sua assinatura. Isso aconteceria a partir de Profondo Rosso (1975), e explodiria em Suspiria (1977) e Inferno (1980). Embora sem o isso e abuso de cores fortes, Argento já mostrava em sua estreia outra marcada sua, o belo uso da câmera, sendo em ângulos inusitados, sendo em malucos movimentos de câmera. Numa cena, por exemplo, temos uma das personagens caindo de um prédio, vemos a queda através dos olhos da vítima, para conseguir esse efeito de câmera subjetiva, a produção simplesmente tocou a câmera prédio abaixo, espatifando-a e usando a película depois. Ponto para Storatto, que não só deve ter embarcado como colaborado para as excentricidades visuais de Argento.

Outro destaque do filme é seu elenco peculiar. Entre os atores coadjuvantes destaque para o esquisitão Reggie Nalder (que ficaria lembrado como o vampiro Kurt Balow na versão para tv de “Salem’sLot”, do TobeHooper), como um assassino de aluguel e de Mario Ardof, como um bizarro pintor, personagem que não só lança uma luz para a solução do enigma, como serve também como um alívio cômico politicamente incorreto. Destaque também para o fato de aqui Argento inaugurar um fato que se repetiria nos seus filmes seguintes: as mãos enluvadas do assassino nada mais são que as mãos do próprio Argento! Ele sempre usaria a partir daqui, suas mãos para representarem as mãos do assassino.

O Pássaro das Plumas de Cristal foi um enorme sucesso de bilheteria, tanto na Itália quanto nos EUA. Esse sucesso fez com que Argento engatasse imediatamente mais dois gialli, lançados em 1971: O Gato de Nove Caudas e Quatro Moscas sobre Veludo Cinza. Fechando assim um ciclo que ficou conhecido como a trilogia dos bichos.


Ao contrário do cinema e da televisão que o exibiram com o título original traduziu por completo, o filme foi lançado em vhspor aqui com o título mutilado de “As Plumas de Cristal”. Claro que o sucesso do filme de argento despertou o alarme dos produtores italianos, logo houve um boom do giallo. No começo dos anos 70, o cinema italiano se viu abarrotado deassassinos de luvas pretas e belas mulheres assassinadas. Praticamente todo diretor de cinema de gênero italiano acabou realizando seu giallo.

Por tudo citado acima, “L'Uccello dalle Piume di Cristallo” já marcaria seu lugar na história do cinema, mas ele também é um ótimo filme. Com um bom ritmo e ótimas cenas, ainda que longe do esplendor das obras-primas que o próprio Argento criaria depois. Mais do que uma estreia promissora, um belo filme que resistiu ao tempo e que merece ser visto e revisto.


Vault of Horror (A Cripta dos Sonhos - 1973)


Antologia com histórias curtas de horror, produzida pelo estúdio inglês Amicus, de Max Rosenberg e Milton Subotsky, rival da Hammer, com direção de Roy Ward Baker, de outras pérolas do cinema fantástico como Uma Sepultura na Eternidade (67), Os Vampiros Amantes e O Conde Drácula (ambos de 70). São cinco contos inspirados nos quadrinhos americanos dos anos 50, publicados pela EC Comics em revistas como The Vault of Horror e Tales From the Crypt, dos autores Al Feldstein e William M. Gaines

Cinco homens entram num elevador que os leva até um porão, e sem entender o que está acontecendo, entram numa sala e sentam-se à mesa que surge diante deles. A partir daí, cada um deles conta um relato pessoal de história de horror que vivenciou em sonhos, e que parecia real, enfatizando sua origem em visões, fobias, medos ou obsessões.

A primeira história chama-se “Midnight Mess”, e apresenta um homem inescrupuloso, Harold Rodgers (Daniel Massey), à procura de sua irmã Donna (Anna Massey), após a morte de seu pai. Seu objetivo é resolver assuntos relacionados à herança. Porém, a cidade onde sua irmã mora tem um mistério noturno, onde “eles” aparecem para se alimentar. 

O conto a seguir tem o título de “The Neat Job”, onde um homem bem sucedido, Arthur Critchit (Terry-Thomas), é obcecado por organização em sua casa. Ele então decide se casar com uma mulher mais jovem, Eleanor (Glynis Johns), que tem muita dificuldade em administrar a paranóia do marido com a organização domiciliar, culminando num desfecho trágico.

No terceiro segmento, “This Trick´ll Kill You”, um mágico veterano, Sebastian (o alemão Curt Jurgens), e sua esposa Inez (Dawn Addams), estão visitando a misteriosa Índia pesquisando novos truques de mágica. Eles encontram uma jovem (Jasmina Hilton) que consegue controlar uma corda através do toque de uma flauta. Não conseguindo descobrir o segredo, o mágico ambicioso decide roubar a moça, mas não imaginava a vingança que o aguardava. 

Na história número 4, “Bargain in Death”, Maitland (Michael Craig), é um homem com um plano para fraudar o seguro de vida, ingerindo um medicamento que simularia sua morte. A ideia seria ser resgatado depois de enterrado e com o retorno da consciência. Porém, ele não contava com a intenção de dois estudantes de medicina, Tom (Robin Nedwell) e Jerry (Geoffrey Davies), que estavam à procura de um cadáver para estudos de dissecação.

No último episódio, intitulado “Drawn and Quartered”, o pintor Moore (Tom Baker) vive numa ilha tropical no Haiti, país conhecido pelas práticas de voodoo. Quando ele descobre que está sendo enganado e seus quadros lesados, perdendo dinheiro para um grupo formado por um crítico de arte, um avaliador e um negociador, o pintor decide retornar para Londres e se vingar de seus algozes utilizando magia negra em suas obras.

"A Cripta dos Sonhos" mostra cinco histórias rápidas com cerca de quinze minutos cada, acrescidas de pequenos comentários entre elas, além do prólogo e epílogo que situam o espectador no contexto do objetivo do filme. Os contos fluem muito bem graças às narrativas curtas. Não há destaques, pois todas as histórias estão num nível similar, com conclusões pessimistas e perturbadoras. A produtora Amicus apostou bastante no formato de antologias, todas interessantes, e além desse A Cripta dos Sonhos, tivemos ainda outras preciosidades como As Profecias do Dr. Terror (65), As Torturas do Dr. Diabolo (67), A Casa Que Pingava Sangue (70), Contos do Além (72), O Asilo do Terror / Asilo Sinistro (72) e Vozes do Além (74).

(RR – 01/01/15)

Drácula - O Príncipe das Trevas (1966)


A Hammer foi uma produtora inglesa que se especializou em filmes B de terror. Fundada nos anos 40, a produtora produziu vários clássicos do gênero e lançou alguns dos mais importantes astros do cinema de Horror, como Vincent Price, Peter Cushing e Christopher Lee. Esse último começou a trabalhar na Hammer no meio da década de 50, mas só alcançou o estrelato na década seguinte, encarnando o personagem Drácula numa série de filmes. Depois de abandonar o personagem, Lee ainda faria alguns papéis memoráveis, como no clássico setentista O Homem De Palha (cujo remake eu analisei na última resenha). Recentemente lee apareceu nas trilogias Senhor Dos Anéis e Star Wars em papéis importantes.


Anteontem assisti a Drácula - O Príncipe das Trevas, um dos filmes dessa franquia. O filme conta a história de dois casais de turistas que resolvem visitar uma pequena cidade. Ao chegar na cidade vão até uma pequena taverna, beber e descansar. Lá encontram um padre, que os recebe simpaticamente. Ao dizerem que pretendem visitar uma região do lugarejo que tem fama da "maldita" , o padre os aconselha a não irem (até parece que nunca vimos isso antes em outros milhares de filmes de terror). Ignorando o conselho do padre por achar que se trata de reles superstição, eles vão. Ao chegar lá, se deparam com um sombrio castelo, e resolvem entrar. Já dentro, eles são recebidos por um sinistro mordomo, que diz que o seu patrão faleceu, e deixou ordems para que os hóspedes fossem bem tratados (?). Ele serve o jantar e depois os leva aos quartos para repousarem. Apesar de acharem o lugar estranho, eles resolvem pernoitar. Acabam descobrindo, da pior maneira possível, que o Conde Drácula, dono do castelo, não está tão morto assim...


Despretensioso e correto, o filme é um entretenimento eficaz, e nada além disso. Com um roteiro simples, interpretações competentes (coisa cada vez mais rara nos filmes do gênero), uma boa direção de arte, e uma direção segura, o filme cumpre o seu papel, e só. Não existe nenhum momento antológico ou acima da média. O que de fato vale o filme, é ver o sempre brilhante Lee, no papel do "pai de todos os vampiros". Mesmo sem nenhuma fala, Lee dá um ar sombrio e singular ao personagem, numa atuação memorável. Não é a tôa que Tim Burton, George Lucas e Peter Jackson são tão fãs do cara.


Porn Shoot Massacre - 2009

Provavelmente um dos filmes mais tôscos que já assisti na vida. Peça totalmente amadora que a indústria pornô pôde fazer, mas mesmo asim é infinitamente melhor do que a bagaceira promoter intitulada Suicide Girls Must Die. O filme começa com uma música de piano simples onde uma jovem tomando um banho lembra descaradamente uma das vinhetas do Canal Playboy (e daí?...eu assisto o Canal Playboy mesmo!!!). A espuma do sabonete escorre pelo corpo sensual da morena, com especial atenção para os peitões que poderiam fazer uma maternidade inteira sentar e pedir aos berros "Qué mamá...qué mamáááá!". Ao sair do banho só há uma maneira correta de abrir um filme chamado Porn Shoot Massacre que é matar as gostosas do filme, um fato que, na minha opinião, é um desperdício de carne e fica registrada aqui a minha indignação: Porquê todos os assassinos deste estilo de filme só matam as gostosas e são vencidos/domesticados pelas fubangas? Trágico!

Bem, voltemos ao filme...

Na sinopse da trama várias estrelas do cinema pornô têm sido convidadas a se juntar ao elenco de uma produção tida como o mais novo revival da indústria pornô. O misterioso diretor usa um disfarce super cafona, mas ninguém parece se importar e as filmagens seguem tranquilas até que as sete afortunadas atrizes começam a serem perseguidas, torturadas e mortas no set de filmagens. Porn Shoot Massacre é exatamente o que seria de esperar, mas com um monte de elementos que você não pode esperar. A atuação pode ser ruim, mas a história é até interessante e a qualidade de produção é razoável. Não espere emoções demasiadamente fortes para esse filme, mas também não é de todo ruim. Você pode encontrar-se agradavelmente surpreendido em algumas de suas cenas.


Os picaretas responsáveis pela produção (Corbin Timbrook e Antonio Hernandez) deveriam estar num "perrêio" lascado ao idealizarem tal projeto. Porn Shoot Massacre não funciona tão bem como um filme de terror e é soft demais para uma produção erótica. Eu acho que eles estavam tentando criar um falso relato de uma indústria snuff, mas sem se preocupar no porquê, quando e como isso poderia acontecer. O desenvolvimento psicológico dos personagens na história que se desenrola é quase zero, pois a maioria deles que aparecem na seqüência no filme são massacrados antes de amadurecerem no melhor estilo de "Oi, tenho peitos...oh, morri!", mas temos que dar um crédito pro pobre Timbrook, afinal ele também é ator (Corbin Timbrook interpretou o caipira Billy Joe no filme Ed Gein: The Butcher of Plainfield e por isso já tem minha admiração) e chegou até a participar da série de TV Supernatural (tá, ninguém é perfeito!). Uma outra coisa digna de nota é que eles têm até um ator pornô anão que apavora a mulherada nas filmagens. Eu falei que alguns detalhes do filme iriam impressionar...


Apesar de todo seu aspecto tôsco, Porn Shoot Massacre se agarra ao espectador com o mais grudento dos enredos e os obriga a assistir a trama para saber qual o final da história (ah, e tem muita mulher pelada, o que ajuda bastante na hora de chamar a atenção). A "vítima" que for assistir os primeiros 13 minutos vai ser assolada por dúvidas durante todo o filme.


Será que alguma das gostosas pornô escapará com vida? O amor vai florescer entre a rainha do pornô e seu tímido admirador? Quem é aquele homem mascarado com uma marreta? Anões são proporcionalmente pequeno em todos os lugares do seu corpo? Todas estas e outras perguntas são respondidas no filme Porn Shoot Massacre. Agora na minha opinião o que eu gostaria de saber é se neste filme todos são realmente atrizes/atores pornô ou se eles simplesmente "fingiam transar", pois eles parecem fingir muito bem... 


Direção: Corbin Timbrook
Roteiro: Antonio Hernandez
Elenco:
Robert Ambrose ... Malfini
Naomi Cruz ... Junie
Nick Machado ... Jimmy
Shelly Martinez ...Chrissy
Liana Mendoza ... Tina
Lynette A. Nechayeva ... Beretta
Kasey Poteet ... Missy