Às vezes eu fico me perguntando o que leva as produtoras
cinematográficas a cometerem verdadeiros atentados contra o bom-senso e
prostituírem o nome de suas obras, a exemplo do que foi feito com a
franquia “The Howling” (Grito de Horror), entre outras tantas. Seria
apenas o dinheiro? Difícil responder, mas a verdade é que depois do
excelente filme original, dirigido por Joe Dante, unanimemente
considerado pelos fãs como um dos melhores filmes de lobisomem já
realizados, a série se afundou em uma sucessão de produções que variam
de meia-boca para péssimos. Acredito que o fundo do poço seja esse
“Howling III: The Marsupials”, dirigido e roteirizado pelo desorientado
Philipe Mora, que já havia “cometido” o igualmente ridículo “The Howling
II”.
Pra começar, esse filme se constituiu numa tentativa de fazer a
série dar uma guinada de gênero, investindo mais no humor do que no
terror, tanto que no IMDb sua
classificação está como Comédia/Horror. Mas a tentativa foi em vão,
diga-se de passagem, pois o filme é tão ruim que não provoca sequer uma
única risada. Pelo menos em mim não provocou. Então, como resultado, o
filme não assusta e não diverte, apenas irrita.
O enredo até começa dando a impressão que poderia trazer algo
de bom, onde vemos um cientista norte-americano (Barry Otto) analisando
uma filmagem amadora vinda da Austrália, onde aparece um suposto
lobisomem. Acreditando se tratar de um indício real, ele parte para a
Oceania em busca de uma tribo aborígine cujos membros se transformam em
lobisomens marsupiais(!). Paralelamente, vemos a tal tribo, de onde uma
jovem (a belíssima Imogen Annesley) foge por ter sido quase estuprada
pelo seu padrasto, o líder da tribo. Ao chegar na cidade grande, a moça
encontra um jovem assistente de direção cinematográfica, que a leva para
participar de um filme de terror classe Z no qual ele está trabalhando.
Os dois se apaixonam e ela acaba engravidando. Simultaneamente, passam a
ser perseguidos por um grupo de lobisomens enviados pela tribo para
recapturar a moça, e também pelo governo australiano, que pretende
estudar a estranha raça a qual a garota pertence. No meio dessa confusão
toda, aparece uma bailarina russa, que é integrante de outro clã de
lobisomens e foi enviada para a Austrália para acasalar com o líder dos
aborígines-marsupiais com a intenção de criar uma nova raça de
lobisomens, ainda mais forte. Lá pelas tantas, o tal cientista
norte-americano se apaixona pela lobisomem russa e decide ajudá-la a
fugir do exército e dos agentes do governo australiano.
Talvez descrevendo dessa forma não dê para se ter uma noção
exata da ruindade do filme. Creio ser importante mencionar que em meio à
maluquice geral do roteiro aparecem freiras-lobisomem, bebês-lobisomem e
até um lobisomem gigante. E ainda tem cenas que extrapolam os limites
do ridículo, como o momento em que a bailarina se transforma em
lobisomem durante um número musical, uma festa à fantasia onde os
lobisomens entram sem serem reconhecidos, entre outras tantas. Sem
contar que o filme é muito mal produzido, com efeitos toscos (os
lobisomens são, em sua maioria, bonecos muito malfeitos e a
caracterização dos aborígines lembra demais os Flinstones), elenco
péssimo, e ritmo tão irregular que quando assisti pela primeira vez
acabei desistindo na metade devido ao sono que me acometeu, coisa
raríssima de acontecer.
Em resumo, trata-se do filme que afundou de vez com a série.
Mesmo quando, posteriormente, foram produzidos “The Howling IV” e “The
Howling V”, cujo nível geral de qualidade apresenta significativa
melhora, o estrago causado na reputação da franquia pelas ridículas
partes II e III já tinha chegado a um ponto irreversível. Méritos do
senhor Philipe Mora, com certeza um dos piores diretores-roteiristas de
que já tive noticia. Trata-se de um filme que não podemos considerar
obrigatório nem mesmo para os fãs das criaturas licantrópicas, pois além
de não acrescentar nada ao gênero ainda irrita e aborrece. A meu ver,
essa produção só não é 100% esquecível e descartável devido a
estonteante beleza da atriz Imogen Annesley, que acaba tendo, aos nossos
olhos, o efeito de um oásis em meio a um deserto de mediocridade.
“Howling III: The Marsupials” foi lançado em DVD no Brasil no
ano de 2008 pela LW Editora em uma edição que traz também no mesmo disco
o filme seguinte da franquia, “ Howling IV – The Original Nightmare”, e
pode ser encontrado em balaios de lojas de artigos do gênero ou mesmo
na internet por preço popular.






































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