Howling III: The Marsupials - 1987


 
Às vezes eu fico me perguntando o que leva as produtoras cinematográficas a cometerem verdadeiros atentados contra o bom-senso e prostituírem o nome de suas obras, a exemplo do que foi feito com a franquia “The Howling” (Grito de Horror), entre outras tantas. Seria apenas o dinheiro? Difícil responder, mas a verdade é que depois do excelente filme original, dirigido por Joe Dante, unanimemente considerado pelos fãs como um dos melhores filmes de lobisomem já realizados, a série se afundou em uma sucessão de produções que variam de meia-boca para péssimos. Acredito que o fundo do poço seja esse “Howling III: The Marsupials”, dirigido e roteirizado pelo desorientado Philipe Mora, que já havia “cometido” o igualmente ridículo “The Howling II”.
 
Pra começar, esse filme se constituiu numa tentativa de fazer a série dar uma guinada de gênero, investindo mais no humor do que no terror, tanto que no IMDb sua classificação está como Comédia/Horror. Mas a tentativa foi em vão, diga-se de passagem, pois o filme é tão ruim que não provoca sequer uma única risada. Pelo menos em mim não provocou. Então, como resultado, o filme não assusta e não diverte, apenas irrita.
 
O enredo até começa dando a impressão que poderia trazer algo de bom, onde vemos um cientista norte-americano (Barry Otto) analisando uma filmagem amadora vinda da Austrália, onde aparece um suposto lobisomem. Acreditando se tratar de um indício real, ele parte para a Oceania em busca de uma tribo aborígine cujos membros se transformam em lobisomens marsupiais(!). Paralelamente, vemos a tal tribo, de onde uma jovem (a belíssima Imogen Annesley) foge por ter sido quase estuprada pelo seu padrasto, o líder da tribo. Ao chegar na cidade grande, a moça encontra um jovem assistente de direção cinematográfica, que a leva para participar de um filme de terror classe Z no qual ele está trabalhando. Os dois se apaixonam e ela acaba engravidando. Simultaneamente, passam a ser perseguidos por um grupo de lobisomens enviados pela tribo para recapturar a moça, e também pelo governo australiano, que pretende estudar a estranha raça a qual a garota pertence. No meio dessa confusão toda, aparece uma bailarina russa, que é integrante de outro clã de lobisomens e foi enviada para a Austrália para acasalar com o líder dos aborígines-marsupiais com a intenção de criar uma nova raça de lobisomens, ainda mais forte. Lá pelas tantas, o tal cientista norte-americano se apaixona pela lobisomem russa e decide ajudá-la a fugir do exército e dos agentes do governo australiano.
 
Talvez descrevendo dessa forma não dê para se ter uma noção exata da ruindade do filme. Creio ser importante mencionar que em meio à maluquice geral do roteiro aparecem freiras-lobisomem, bebês-lobisomem e até um lobisomem gigante. E ainda tem cenas que extrapolam os limites do ridículo, como o momento em que a bailarina se transforma em lobisomem durante um número musical, uma festa à fantasia onde os lobisomens entram sem serem reconhecidos, entre outras tantas. Sem contar que o filme é muito mal produzido, com efeitos toscos (os lobisomens são, em sua maioria, bonecos muito malfeitos e a caracterização dos aborígines lembra demais os Flinstones), elenco péssimo, e ritmo tão irregular que quando assisti pela primeira vez acabei desistindo na metade devido ao sono que me acometeu, coisa raríssima de acontecer.
 
Em resumo, trata-se do filme que afundou de vez com a série. Mesmo quando, posteriormente, foram produzidos “The Howling IV” e “The Howling V”, cujo nível geral de qualidade apresenta significativa melhora, o estrago causado na reputação da franquia pelas ridículas partes II e III já tinha chegado a um ponto irreversível. Méritos do senhor Philipe Mora, com certeza um dos piores diretores-roteiristas de que já tive noticia. Trata-se de um filme que não podemos considerar obrigatório nem mesmo para os fãs das criaturas licantrópicas, pois além de não acrescentar nada ao gênero ainda irrita e aborrece. A meu ver, essa produção só não é 100% esquecível e descartável devido a estonteante beleza da atriz Imogen Annesley, que acaba tendo, aos nossos olhos, o efeito de um oásis em meio a um deserto de mediocridade.
 
“Howling III: The Marsupials” foi lançado em DVD no Brasil no ano de 2008 pela LW Editora em uma edição que traz também no mesmo disco o filme seguinte da franquia, “ Howling IV – The Original Nightmare”, e pode ser encontrado em balaios de lojas de artigos do gênero ou mesmo na internet por preço popular.

0 comentários:

Postar um comentário