Atualmente,
parece cada vez maior o número de filmes que surgem propondo novas
idéias, inovações, que infelizmente acabam se perdendo em meio a
situações repetitivas e roteiros repletos de clichês, fazendo com que
produções que tinham tudo para se tornar sucessos culminem por naufragar
e cair no esquecimento. Porém, existem casos (muito raros, diga-se de
passagem) em que acontece exatamente o contrário: são justamente os
clichês e os lances de apelo folclórico que tornam o filme divertido e
interessante. Esse é o caso de “A Hora do Espanto”, filme de 1985,
dirigido pelo eficiente Tom Holland, que não só se tornou um dos maiores
clássicos dos anos 80, como também estimulou um verdadeiro revival de
filmes sobre vampiros, sendo que no mesmo período foram produzidas obras
como “Vamp – O Filme” (1986), “Os Garotos Perdidos” (1987), “Quando
Chega a Escuridão” (1987), “A Hora do Espanto 2” (1989), entre outros.O roteiro deste filme apresenta uma história que não possui nada de muito extraordinário: um típico adolescente americano de classe média, chamado Charlie (William Regsdale), descobre inesperadamente que seu novo vizinho é um vampiro (Chris Sarandon, de “Brinquedo Assassino”), e está atacando as moças da cidade. Desesperado e sem saber o que fazer, Charlie decide pedir ajuda para um ator (Roddy McDowall, da série “O Planeta dos Macacos”), que interpreta o caçador de vampiros Peter Vincent em um programa de televisão. Logicamente, o ator não acredita na inusitada história do garoto, mas depois de muita insistência, acaba concordando em ajudar a investigar o caso. Depois de algumas confusões, a situação de Charlie fica extremamente complicada quando seus amigos passam a ser atacados pelo vampiro, e sua namorada acaba sendo raptada.
De forma bastante
despretensiosa,
a trama vai se desenvolvendo e evidenciando alguns elementos clássicos
na mitologia dos vampiros, que por alguma razão foram sendo deixados de
lado com o passar do tempo. Por exemplo: neste filme o vampiro dorme em
um caixão (desses comuns), tem medo de água benta e crucifixos, se
transforma em morcego, e precisa ser convidado para entrar pela primeira
vez na casa de alguém. Alguns podem achar bobagem, mas todos esses
itens me parecem fundamentais em uma boa história de vampiros, pois já
estão presentes em nosso imaginário, e sempre vemos (mesmo que
inconscientemente) essas características como sendo cruciais para a
existência dos vampiros. Eu, particularmente, prefiro essa linha mais
tradicional do que ver vampiros que andam durante o dia, dormem
enterrados ou em caixões hig-tec, beijam crucifixos e voam a lá
Super-Homem. Sem falar nas fortes tendências homossexuais das obras de
Anne Rice, por exemplo.Mas existem vários outros motivos que garantem o sucesso do filme, como a segura atuação do elenco (destaque para o divertido Roddy MacDowall), o nível dos efeitos especiais (muito bons para a época, e ainda eficientes se comparados com os das produções atuais do gênero) e a ótima direção de Tom Holland, que consegue prender a atenção do expectador do início ao fim, sem deixar o ritmo do filme cair. Em 1988, Holland também dirigiu “Brinquedo Assassino”, outro grande sucesso que gerou a franquia do famoso boneco “Chucky”. Pena que esse diretor ande meio sumido ultimamente.
Como destaque, fica a interessante iniciativa de, em determinado momento do filme, transformar alguns heróis em vilões, pois apesar de não ser uma idéia nova, surtiu um resultado eficiente. A passagem em que o vampiro persegue os garotos na danceteria ficou muito legal, assim como o confronto no porão.
Além dessas colocações, também é importante observar que o filme segue a típica linha das produções oitentistas, com notáveis toques de humor, e um direcionamento mais voltado para a diversão do que propriamente para os sustos.
Concluindo,
posso afirmar que “A Hora do Espanto” é um dos primeiros nomes na minha
lista de favoritos, pois consegue entreter e divertir de tal forma que
nem se vê passar as quase duas horas do filme, e quando acaba você fica
com aquela sensação de “quero mais...”. Um pouco disso se deve ao
sentimento de nostalgia que alimento em relação aos saudosos anos 80,
mas a verdade é que nessa década foram concebidas algumas obras
inesquecíveis, e essa certamente é uma delas.






































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