ATENÇÃO: este texto contém spoilers!
Depois de quase morrer vitimado pelo excesso de “açúcar-zumbi” da
segunda temporada de “The Walking Dead” e passar verdadeiros momentos de
“horror” em “American Horror Story” achei que ficaria confinado aos
pastelões sangrentos de “Death Valley” e “Todd and the Book of Pure
Evil” para sanar o meu vício por séries de horror, mas eis que um amigo
(valeu, Julião!) me apresentou uma minissérie que me pegou despreparado.
De acordo com algumas pesquisas no “Pai Google” acabei me
defrontando com matérias que diziam ser esta série mais um saco de
encrencas de Mick Garris em parceria com o escritor Stephen King. Como
eu ADORO tranqueiras adaptadas dos romances de King me prontifiquei a
assistir esta versão televisiva de um dos livros mais tenebrosos do
mestre do horror contemporâneo... e não me decepcionei!
Baseada
em seu romance homônimo, a minissérie “Bag of Bones”, exibida pelo
canal A&E Network em duas partes de aproximadamente uma hora e meia
cada, demonstra que o “velho Rei do Horror” ainda consegue assombrar com
brilho e sensatez. Na trama, revemos Mike Noonan (brilhantemente
interpretado por Pierce Brosnan, o eterno James Bond), um autor de
best-seller que sofre de bloqueio de escritor após a trágica morte de
sua esposa, Jo Noonan (Annabeth Gish). A dor de Mike é agravada mais
ainda pela perda de um bebê que ele não estava ciente de que ela estava
carregando, até mesmo depois de sua morte. Diagnosticado como estéril,
sua primeira inclinação é que estava sendo traído e as visitas
freqüentes de sua esposa à cabana do lago, nos meses antes de sua morte,
de repente se tornaram menos inocentes.
Nesta avalanche de infortúnios Mike Noonan se entrega à bebida e ao
ostracismo até que seu agente pede um outro livro. Aproveitando a
descoberta de um romance engavetado Mike decide visitar a casa do lago,
na cidade de Dark Score, na esperança de terminar o romance e, talvez,
descobrir uma resposta para o porquê de sua esposa esconder o fato sobre
sua gravidez.
Ao chegar à pequena vila, o escritor levanta alguns olhares tortos
enquanto caminha pela cidade, mas somente depois de encontrar uma menina
chamada Kyra (Caitlin Carmichael) vagando no meio da estrada, Mike
involuntariamente se vê envolvido em uma bizarra batalha de custódia
sobre a menina entre uma jovem mulher chamada Mattie (Melissa George) e
seu sogro, o sinistro Max Devore (William Schallert).
Daí em diante as noites de Mike na
cabana são assombradas por sonhos bizarros,
fantasmas (alguns simpáticos e outros não) que acabam por arrastá-lo
para desvendar um mistério guardado a décadas que liga o desaparecimento
de uma cantora de blues, Sara Tidwell (Anika Noni Rose) com uma
seqüência de afogamentos de crianças pelos seus próprios pais.
cabana são assombradas por sonhos bizarros,
fantasmas (alguns simpáticos e outros não) que acabam por arrastá-lo
para desvendar um mistério guardado a décadas que liga o desaparecimento
de uma cantora de blues, Sara Tidwell (Anika Noni Rose) com uma
seqüência de afogamentos de crianças pelos seus próprios pais.
O texto adaptado pelo roteirista Matt Venne (conhecido pelos seus trabalhos nos
episódios “Pelts”, da série Masters of Horror e “Spooked”, de Fear
Itself) apresenta algumas partes do livro para trazer os elementos
clássicos do horror de Stephen King e mesmo assim muita coisa ficou de
fora, mas convenhamos se trata de um calhamaço de quase mil páginas.
Apesar da adaptação temporal com seus IPods e notebooks a história não
perdeu muito o seu charme. Todos os momentos são tensos, cheios de
elementos sobrenaturais mesclados à enfermidade que os moradores da
pequena cidade batizaram de “Loucura de Dark Score”. Estaria o
protagonista tendo realmente contatos com o sobrenatural ou sofrendo de
uma febre gerada pelo seu desamparo e pelo excesso de álcool?
Todas
estas respostas serão respondidas sob a direção de Mick Garris, que já
havia deixado sua marca em adaptações de outras obras de King como
“Sleepwalkers” (Sonâmbulos, 1992), “The Stand” (A Dança da Morte, 1994),
“Quicksilver Highway” (A Maldição de Quicksilver, 1997), “Ridind the
Bullet” (Montado na Bala, 2004), “Desperation” (Desespero, 2006). Todos
estes segredos e reviravoltas são majestosamente embalados pela macabra
sinfonia de Nicholas Pike que assinou a trilha do projeto produzindo um
trabalho espantoso semelhante aos seus trabalhos anteriores em séries
como “Freddy's Nightmares”, “Tales from the Crypt” e “Masters of
Horror”.
Uma
outra observação digna de nota é a da interpretação de Pierce como Mike
Noonan. Eu realmente confesso que torci o nariz (como muitos o
fizeram!) quando descobri quem seria o protagonista da série. Ficou meio
difícil imaginar o “James Bond” como um escritor alcoólatra que é
atiçado por fantasmas, mas minhas dúvidas foram todas esclarecidas nos
primeiros vinte minutos da série e tanto o personagem quanto as
interpretações de Pierce ficaram impagáveis. O tempo (e talvez até um
pouco de maquiagem) tornou o agente secreto mais famoso do mundo numa
cópia quase exata de Stephen King. Com seus defeitos e qualidades...
Outro
personagem que deixou calafrios bem reservados foi o de Rogette D.
Whitmore, a “governanta” de Max Devore. Como uma megera esquálida e
cruel, Deborah Grover conseguiu ser mais assustadora e ameaçadora que
todos os fantasmas e maldições de Dark Score.
O único ponto negativo da série foi a confusão de memórias e a
exclusão de algumas tramas da obra original que deixou “boiando” os
espectadores que não leram o livro. Algumas cenas ficaram muito
estendidas ao limite de entediarem quem assiste enquanto que momentos
significativos da trama foram remetidos a meros flashbacks. O final
também deixou a desejar, mas em sua totalidade a série representou muito
bem o original nos tempos modernos e com certeza fará com que leitores
antigos retomem o seu “Saco de Ossos” assim como novos leitores o farão.






































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