"El vampiro negro ataca en las tinieblas de la noche sus hermanos de sangre y mujeres fragiles..."
(Marcos. T. R. Almeida)
Tratando-se de filmes raros sobre vampiros ou sobre o próprio Rei dos
não-mortos, o conde Drácula, imortalizado na história, na literatura,
nos quadrinhos e no cinema, surgiu um gênero bastante curioso na década
de setenta, com um estilo criativo do tipo "blackxplotation" de grande
valor. Com a retomada da cultura africana em nosso país, e o
reconhecimento da consciência negra como fator expressivo da
manifestação cultural de um povo, um filme que afirma esse princípio
ficou conhecido como "Blacula, o Vampiro Negro", pioneiro do gênero,
original e transgressor dos valores associados ao culto do vampirismo e
de acordo como afirmou aquela frase escrita por uma das autoridades
máximas do culto vampírico no mundo, John Gordon Melton : "
todos os povos da terra tem sua lendas sobre vampiros"
Em "Blacula" o tema ficou perfeito, a adaptação

com
os ícones da cultura negra, dos guetos, foi uma excelente integração
alcançada pela produtora, Warner Brothers. A criação de um representante
negro, entre os vampiros foi elaborada pelo diretor William Craim e o
roteiro escrito por Joan Torres e Raymond Koening e quase todas as
partes deste filme foram rodadas em Watts, gueto negro da periferia da
cidade de los Angeles, exatamente em locais onde já houveram muitos
distúrbios de origem racial e não faltou cautela nesta produção!
O ator principal William Marshall, imponente por sua estatura alta,
ombros largos e vastíssimo repertório de atuação em peças de
Shakespeare, deu boa dignidade ao papel do vilão de capa preta, fazendo
suas vitimas morrerem ao seus ataques hematófagos.

Tudo
começa quando o príncipe de uma grande nação negra de nome Mamhohald e
sua amada, a princesa Luca, interpretada por Vonetta Mcgee, vão ao
castelo do conde Dracula da Transilvânia negociar com ele a petição do
fim da escravidão, ao invés de Drácula assinar os papéis aprovando este
pacto, ele insulta o príncipe negro Mamhohald, insinuando que sua esposa
Luva, com sua provocante sexualidade de mulher negra, é muito agradável
e completaria seu harém. Após a ofensa, inicia-se uma luta dentro do
castelo e o príncipe negro é condenado e amaldiçoado por Drácula.
Confinado numa cripta subterrânea, ele é trancado dentro de um ataúde
negro sobre uma severa sentença: "
Estará para sempre condenado a dormir de dia e não ver a luz do sul e beber o sangue dos vivos, serás chamado BLACULA!".
O filme segue um bom roteiro de terror, aliás muito bom para a época em
que foi produzido e exibido, explorando bem a agitada e badalada vida
noturna dos guetos negros das grandes cidades norte-americanas e a
trilha sonora (composta por Wally Homes) mistura bem o ritmo soul com a
atmosfera noturna do terror, deixando visível a idéia central da
película, que era mesmo mostrar a cultura e a consciência negra destes
bairros poucos conhecidos no mundo.
Anos depois de ter sido aprisionado, Blacula é libertado por dois colecionadores

de antiquários que compram todas as relíquias do castelo de Drácula e
violam o ataúde negro. O vampirismo então se espalha e muitas vítimas
vão aparecendo mortas sem sangue, com graves perfurações no pescoço,
preocupando a polícia. Em sua nova residência o vampiro agora precisa
achar meios que escondam sua verdadeira natureza e usando ainda o nome
Mamhohald, o mesmo nome da realeza, ele se sobressai agindo na vida
noturna e em suas investidas noturnas procura uma bela jovem de nome
Tina, que pensa ser a encarnação de seu amor, a princesa Luva.
O vampirismo é presente e muito forte no filme todo, e isso fica
comprovado com a série de vítimas de Blacula e também se tornam
vampiros, e a presencia desta atmosfera de terror esta impregnada no
filme todo, também os figurinos e o cenários saíram excelentes e isso
retoma aquela idéia de que na década de setenta se faziam bons filmes de
terror com forte dose de nostalgia, tudo vem adaptado para um roteiro
inovador e pioneiro no gênero.
No final do filme, quem aparentemente destrói Blacula são os fatais
raios solares transformando o vampiro em uma caveira repleta de vermes,
até se tornar um esqueleto envolto numa capa preta.

Recentemente
em 11 de junho de 2003 o cinema ficou de luto com a morte do ator
principal, William Marshall que no final de sua vida já vinha sofrendo
sérias complicações da maldita doença chamada "Mal de Alzheimer", mas
William Marshall atingiu sua imortalidade, pois foi ele que representou a
cultura negra em "Blacula, o Vampiro Negro" uma película importante
para história do cinema de horror exploitation e que teve sua
continuação em 1973 ("Scream Blacula, Scream), devido ao sucesso
inovador relacionado ao tema macabro do vampirismo que jamais se esgota.
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