A atual febre vampiresca

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Vivemos um período interessantíssimo, anda praticamente impossível dizer a palavra “vamp…” que rapidamente você arranja assunto ou é indagado sobre as recentes produções do gênero nos cinemas e nas prateleiras das livrarias. Particularmente não via uma febre dessas desde a década de noventa.

VAMPIRISMO, REVIVAL, APROPRIAÇÃO X ARCAIZAÇÃO:

A atual febre vampiresca é um “revival” cíclico que acontece periódicamente a cada década. O próprio modelo mítico cultural do ocidente é um revival do padrão grego. De tempos em tempos, objetos são perdidos e reencontrados, supervalorizados, desvalorizados e revalorizados. Mas os clássicos sempre permanecem. Nossa cultura popular é simplesmente herdeira do modelo do classicismo.

O substituto sintético pós-modernista para “revival” é apropriação, pura e simples, significa quase sempre artista de talento limitado a misturar sem inspiração ou insight, referências irônicas a grandes obras do passado. Isto é algo bem desprezível pois a Subcultura Vampyrica tem como característica a admiração as grandes e expressivas obras de arte e arquitetura do passado romântico.

Apropriação, bricolagem, pastiche e variantes são noções imprópriamente concebidas e promovidas pelos mandachuvas sociais, desprovidos de um sentido de história. Concordo com a autora Camile Paglia (Vamps and Tramps, 2004) quando afirma que pertencemos a uma idade Alexandrina de sincretismo, onde alusões multiculturais se fundem para produzirem novas totalidades excêntricas.Vivemos em um tempo decadente, um modo histórico complexo, uma fase posterior vibrante e sensacionalista da cultura dominada por temas de sexo e violência - mesmo que velados pelo ensolarado Rosseaunismo dominante.

Em tempos de decadência, o maior “revival” é o do primitivo justaposto com o supersofisticado. Aliás dois elementos tipicamente “Vamps” no mais estrito sentido que atribuímos a palavra. O Vamp inerentemente lida com a difícil arte da “sofisticação” sem perder de foco o Ecossistema. No “Vamp” tecemos referência ao presente através de toda e qualquer interpretação do passado… Penso que toda a popularidade e maior aceitação de elementos de estética “desviante”, parafernália e vestimenta fetichista, BDS&M, tattoo, bodyart, piercings, aesthesics e até mesmo Fangz - diluídas e mais aceitas na cultura dominante são as grandes representações destes tempos modernos de decadentismo.

Atualmente empresto o termo “arcaizar” da história da arte, ao invés de fazer o uso da insalúbre “apropriação” (que atualmente me soa como algo falsificado, competitivo e destrutivo) oríunda dos “malas” das ciências sociais (muito em voga quando o assunto é qualquer tipo de Subcultura).

Quando falamos em “arcaízar”, costuramos o presente ao passado. Oferecemos a toda criação artística a linearidade cronológica ao qual ela está inserida, sua descêndencia criativa e resgatamos as grandes obras do passado distante. No melhor sentido literal do termo “vamping”, onde também localizamos o termo vampiro: Tomamos aquilo que é antigo, remendamos com partes novas e modernas, sem descaracterizar o original e trazemos uma nova expressão artística, audaciosa e arrojada ao ecossistema.

Ao arcaízar nos mostramos reverentes ao passado cultural. Ao considerarmos a influência e a tradição remetemos ao “canône” - o corpo do trabalho que outros artistas consideram a pedra de toque da sua criação e inovação. Neste momento de “revival” da febre vampiresca, ao arcaízarmos reconhecemos um elemento intemporal em obras que antes pareciam datadas, confinadas ou limitadas a um período particular. Este atual revival é mais um grande momento crucial para o processo de definição da grandeza na produção artística que envolve o vampírico. Uma responsabilidade infelizmente negligenciada pelas “sumidades” da cena vampyrica atual.

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