Never Cry Werewolf - 2009


 
Um jovem estudante bisbilhoteiro descobre que seu novo vizinho é um vampiro que está fazendo vítimas entre a população local. Logicamente, quando ele tenta revelar aos demais a sua descoberta, ninguém lhe dá crédito, nem seus amigos e tampouco a polícia. Para piorar, o vampirão vê semelhanças entre a sua namorada e uma antiga paixão, a muito falecida, e então decide transformá-la em uma criatura das trevas para que possa acompanhá-lo por toda a eternidade. Sem ter a quem recorrer e temendo pela própria vida, o rapaz apela para um decadente apresentador que mantém um programa de TV voltado aos filmes de terror e que, a muito custo, acaba concordando em ajudá-lo a destruir o monstro. Este é o enredo de “A Hora do Espanto”, clássico absoluto da década de 1980 e certamente um dos filmes que mais marcaram a minha infância. Agora substitua o rapaz bisbilhoteiro por uma moça igualmente bisbilhoteira (Nina Dobrev), o vampiro por um lobisomem (Peter Stebbings) e o apresentador de filmes de terror por um apresentador de documentários sobre caçadas (Kevin Sorbo, da série “Hércules”) e pronto, eis a premissa de “Never cry werewolf”, filme dirigido por Brenton Spencer em 2008, sob encomenda para ser exibido no canal Sci-Fi Channel, da televisão norte-americana.
 
O primeiro aspecto que deve ser ressaltado ao analisarmos esse filme é que, apesar das inúmeras semelhanças com “A Hora do Espanto” (e são tantas que me admira não ter havido acusação de plágio), “Never cry werewolf” é muito inferior ao clássico de Tom Holland. Não há no elenco nenhum ator do porte de Chris Sarandon ou Roddy McDowall, a direção de arte é bem inferior e os efeitos especiais e de maquiagem são muito mais modestos. O roteiro também é irregular, e nos momentos em que tenta propor algo novo, sem copiar a obra oitentista, acaba sendo inconsistente e por vezes enrolado. É claro que grande parte desses deméritos podem ser atribuídos ao fato de que estamos falando de um filme feito diretamente para a TV, com orçamento diminuto e desprovido de maiores pretensões, mas mesmo assim era de se esperar algo melhor. Em nenhum momento o filme chega realmente a engrenar, pois as esparsas cenas de ação acabam sendo sempre entrecortadas por diálogos clichês e desnecessários, como se houvesse a necessidade de ficar explicando a todo o momento os acontecimentos que se desenrolam. E pra piorar, as explicações muitas vezes não são nada convincentes. Além disso, o diretor Spencer demonstra não ter a habilidade necessária para mesclar humor e terror como fez Holland tão brilhantemente duas décadas antes, e o resultado ficou de tal forma que o filme não funciona satisfatoriamente nem como humor e tampouco como terror.
 
Os raros pontos positivos estão quase todos relacionados com o personagem charlatão de Kevin Sorbo, que protagoniza uma cena divertida no ataque do cão-demônio (sim, tem um bicho desses no filme!) dentro da loja, e na hilária cena em cima da árvore, perto do final. Igualmente, me pareceu interessante a idéia do nerd que entra na confusão de gaiato e acaba se ferrando, mas infelizmente esse aspecto não foi tão desenvolvido quanto poderia. A primeira morte do filme também merece destaque, até porque é a única mais bem elaborada, onde até rola algo sangrento. Todas as outras são mostradas de relance, ou nem sequer são mostradas.
 
Sobre o lobisomem propriamente dito, não se tem muito que falar, já que ele aparece pouco em cena, e ainda assim em tomadas rápidas, numa atitude que deixa clara a intenção de dissimular a escassez de recursos empregada na caracterização da criatura. Esse é mais um aspecto a se lamentar, já que o visual do monstro não é de todo ruim, e de acordo com o site “Werewolf Movies”, o responsável pelos efeitos de maquiagem foi Paul Jones, que trabalhou em filmes como “Possuída” e “Skinwalkes – amaldiçoados”, o que leva a crer que ele poderia ter feito algo muito melhor se tivesse mais verba disponível.
 
No final das contas, os elementos mais atrativos de “Never cry werewolf” são justamente aqueles copiados de “A Hora do Espanto”, o que faz com que se chegue a uma óbvia conclusão: entre assistir o inspirador oitentista e a imitação de segunda linha, deve-se optar pelo primeiro, sem sombra de dúvida. Mas para quem já conhece a obra-prima de Tom Holland e quer ver mais uma das várias produções bagaceiras sobre lobisomem que vêm sendo lançadas nos EUA nos últimos anos, então a obra de Spencer serve como curiosidade, nada mais do que isso.
 
“Never cry werewolf” ainda está inédito em DVD no Brasil, mas do jeito que vão as coisas no nosso mercado de filmes, não seria de se admirar se amanhã ou depois lançassem por aqui essa produção descartável enquanto várias outras obras de qualidade inquestionável permanecem à espera do devido lançamento.

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