Vampyros e Vampyras e sua relação com o "Eu-Feral"

"Nunca em toda a minha existência ví um desrespeito às leis da estética. A beleza, o ritmo, a simetria, são as únicas leis que conhecí que pareciam naturais.E sempre as chamei de Jardim Selvagem!Porque elas pareciam impiedosas e indiferentes ao sofrimento, à beleza da borboleta presa na teia da aranha!Ao gnu que jaz na savana com o coração ainda pulsando enquanto os leões vêm lamber o ferimento no seus pescoço."  Lestat em Memnoch,O Demônio - Anne Rice.

O termo Eu-Feral encontra paralelos com a romântica "alma selvagem" da Clarissa Estés Pinkoulas e ainda com ressonâncias diversas vindas do Xamanismo ou da Bruxaria.Também tem ressonâncias com conceitos oríundos da Golden Dawn, Thelema, Zos Kia Cult e muitos outros.Ou ainda do próprio autor Jack London, do romance "Caninos Brancos" - que é o nosso favorito.

O Vampyro e a Vampyra com suas fangz (próteses de dentes caninos removíveis ultrarealistas), lentes de contato, garras - ou ainda sem tudo isso e com sua postura mais presencial e magnética dentro de um determinado ambiente, relaciona-se diretamente com a modelagem do "Eu-Feral" ou ainda "Eu-Selvagem". Em termos fashionistas só um visual elaborado e ousado.Em termos de cosmovisão, uma re-leitura dos inúmeros xamãs da américa do sul e central que encontravam no morcego, um totem ou animal de poder envolto pela noite e conhecedor dos mistérios do útero cavernar da natureza e do mundo - assim como da arte de se orientar pelas ressonãncias do seu próprio grito através do mundo!

Uma melhor compreensão deste texto pode ser alcançada com a leitura de "Por que o Vampiro?" e ainda de "Porque o Vampyro ou a Vampyra?" ambos publicados em www.vampyrismo.org/circulostrigoi

Para alguns, seus elementos são percebidos metalinguisticamente como dotados de linhas e condutas mais lupinas (ocorre com bastante frequência numérica no exterior), para outros felinas(provavelmente superior numéricamente que o primeiro em países latinos), para outros de animais de casco, serpentes, voadores e muitos outros.Para uma visão ficcional apropriada visualize o filme Drácula de Bran Stocker, quando o próprio passeia por Londres buscando por Mina Harker.Um perfeito dândi, um gentleman que esconde uma fera, quando abaixa o óculos escuro e encontra sua amada.

Na cosmovisão Vampyrica temos animais que são associados as virtudes e méritos dos nobre-caçadores, que vão atrás e atraem para sí o que precisam de forma vitalizada, imprevisivel e ainda pró-ativa - sem tempo para encenações e outras condutas pouco elaboradas.Naturalmente, não temos parasitas de qualquer gênero como carrapatos e afins nestas representações e repudiamos tais associações descaracterizantes.

O Eu-Feral de cada Vampyrica e Vampyrico é o seu ponto de contato com o daimônico, a vastidão, a amplitude, o atmosférico e o draconar.Tal vastidão é representada graficamente nos atributos da "Árvore-do-Mundo" presentes na identidade pagã da Cosmovisão Vampyrica, representada sob os aspectos do Ankh, como você pode estudar a direita de nosso site do Cìrculo Strigoi.

Sejamos francos e diretos o termo "feral" vêm de féra e isto per si, assusta e pode ser sumariamente considerado grotesco ou sublime.A formação cultural imperante atribui ao "feral" seu mal-mítico e a noção daquilo que toma como inaceitável.O próprio ser humano gargalha de tudo aquilo que lhe recorda que é um "animal" mesmo sem perceber.A fera causa repulsão, horror e até aversão - ela pode te despedaçar.Justamente por isso é mais interessante e poderoso - inclusive como "caminho de cura" - a fusão com o feral e não com os opostos costumeiramente aceitos por aí.Salvador Dalí já dizia que a Ilha do tesouro de nossos sonhos pode estar precisamente naquelas imagens de horror e medo do inconsciente - para nós, do não-modelado ou lado noturno - naturalmente repulsivas ao consciente - ou do "modelado ou lado diurno.Estas permutações e escambos com o Eu-Feral, ampliam sua imanência, magnetismo pessoal, consciência, presença, saúde, auto-controle, tolerância, atração sexual, compreensão e compaixão (vício de rei e rainha) - de forma muito mais eficaz e prática do que jamais pode ter sido experimentado em outras trilhas espirituais.

Através do "Eu-Selvagem", montamos nosso gênio-emocional e caçamos aquilo que desperta vitalidade e presença no momento presente, aplacando a sede causada pela mesmice; esta doce eletricidade líquida nos impulsiona para explorarmos aspectos mais ígneos ou mais gélidos, verticais, horizontais, entremeios, as profundezas e as alturas nos tornam pessoas íntegras e capazes de nos integrarmos melhor com a impetuosa força de mudança da vida - em seu sequenciamento perpétuo através da roda do ano sob o longo e aveludado véu negro - assim interagindo e participando de sua imortal alquimia de morte e renascimento determinada nos ciclos do sol-negro - e que os atos e obras resultados destas caçadas alcem a imortalidade(*).

Sob uma visão cosmológica o "Eu-Feral" seria o equivalente ou a manifestação do sujeito nos tempos da chamada "idade-do-ouro" mitológica.As vezes ainda honradas nas Saturnálias ou quando o sol entra na casa de cáprica no aveludado céu noturno.Este tema do "Eu-Feral" pode sucitar comparações ou questionamentos associados com theriantropia, licantropismo ou ainda práticas dos otherkins - no entanto no que tenho observado na Cosmovisão Vampyrica esta seria uma procedência pouco provável ou dificilmente constátavel pois todas as práticas citadas tem identidades e expressões muito próprias e diferenciadas.Em termos efetivos, na Cosmovisão Vampyrica, o Eu-Feral tem laços mais firmes com os mitos da "Caçada Selvagem" e o processo extático.Cada uma destas palavras merecem uma meditação e uma postura reflexiva pessoal da parte das leitoras e leitores.Antes de avançarem para o texto da Sêde.

(*) Negro no sentido de infinitude de possibilidades, de velado e resguardado simbólicamente em nosso coração, local de sentimentos, acalentos e alentos na antiguidade...Dioniso no papel do purificador supremo.

(**) Acaba sendo traduzido como "Fera" ou "Feral".Como nunca vimos em nenhuma tradução clássica a historieta infantíl "A Bela e a Besta" (sem piadinhas com crepúsculo por favor:-) - o que também é uma tradução mais apropriada que duas infâmes editoras de ficção prosáica foram incapazes de atribuir corretamente.

(***) Não tomamos como feral: a esquizofrenia, a depressão ou comportamentos de ímpeto criminosos que justifiquem através do eu-feral, a agressão fisíca, a auto-mutilação, linchamentos ou coisas parecidas - e outras tantas que entrem em conflito com os termos do código de ética e de bom-senso Black Veil.

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