Publicado originalmente no blog Juvenatrix # 383 – data: 27/05/06
Com direção do argentino León Klimovsky e roteiro de Gabriel Burgos e Antonio Fos, o filme espanhol “A Orgia Noturna dos Vampiros” conta a história de um grupo de pessoas que viajam de ônibus pelo interior com destino à cidade de Bojoni para trabalharem numa mansão aristocrata em funções caseiras como camareiro, cozinheiro, jardineiro, mordomo, professor e chofer. Esse grupo é formado pelo líder Marcus (Manuel de Blas), pela professora Alma (Dianik Zurakowska), além de Raquel (Charo Soriano) e sua filha de oito anos Violet (Sarita Gil), e completando com o jardineiro Godo (Luis Ciges), o professor de matemática César (David Aller) e o ajudante geral Ernesto (I. González), que tem uma notável semelhança física com o falecido astro Charles Bronson. Porém, no meio do caminho, o motorista do ônibus (L. Villena) sofre um ataque cardíaco fulminante e eles são obrigados a interromper o trajeto indo parar num vilarejo chamado Tolnia. Lá chegando, eles estranhamente não encontram ninguém nas ruas e casas, parecendo uma cidade fantasma, e conhecem apenas mais tarde, durante a noite, seus anfitriões, especialmente Boris (José Guardiola), ou Major, uma espécie de prefeito e representante do povoado, e a rica e misteriosa condessa (Helga Liné), que os recebem com bastante hospitalidade. Em Tolnia, eles encontram também um outro viajante que decidiu parar na cidadezinha, Luis (Jack Taylor), que inevitavelmente acabou se envolvendo amorosamente com Alma e que se juntou ao grupo depois que seu carro apresentou pane mecânica. Mas o que todos não imaginavam é o segredo obscuro que paira sobre o pequeno vilarejo e envolve seus misteriosos habitantes que só saem durante à noite.
O filme é da primeira metade da
década de 70 (mais especificamente 1973), tem produção européia e de
baixo orçamento (Espanha), é curto (apenas 79 minutos na versão
distribuída em DVD no Brasil pelo selo “Dark Side” da “Works Editora”),
tem um título grande, sonoro e que instiga a curiosidade (“A Orgia
Noturna dos Vampiros”), trata de um tema que sempre desperta interesse
(vampirismo), e apresenta um horror apenas sugerido e insinuado,
investindo em cenas noturnas sinistras num pequeno vilarejo misterioso,
com doses bastante discretas de sangue e violência.
Essas características são importantes
de serem evidenciadas para justamente situar o espectador na categoria
de filme que estamos falando, e para orientar aqueles apreciadores que
procuram esse tipo de cinema de horror, com esses ingredientes
específicos. Temos algumas boas
seqüências de filmagens noturnas carregadas de um clima tenso e mórbido
com uma cidadezinha obscura e cheia de segredos, cujos habitantes
inicialmente hospitaleiros planejam outros destinos bem mais trágicos
para seus visitantes e forasteiros.
E existe um refinado senso de humor
que merece ser enaltecido, principalmente na cena onde os visitantes
estão apreciando uma refeição com uma carne extremamente saborosa
(providenciada especialmente sob encomenda pelo sinistro “gigante do
machado”, interpretado por Fernando Bilbao, o autor da frase reproduzida
logo no início desse texto), enquanto o anfitrião garante de forma
sarcástica que eles nunca comeram iguaria tão rara em nenhum outro
lugar. Mas o roteiro é pouco
inspirado e reserva para o espectador alguns momentos de monotonia, com
situações previsíveis, um elenco com atuações inexpressivas onde apenas
se salva a bela Dianik Zurakowska (mais pela sua beleza do que
interpretação), e principalmente uma trilha sonora ruim e totalmente
inapropriada que em vez de contribuir com o clima de mistério que
envolve a história, ajuda a dispersar nossa tentativa de interação com o
filme. (Atenção: o texto a seguir contém spoilers) E
ainda temos um desfecho meio equivocado, com uma solução clichê e
absurda. Já que a intenção dos realizadores do filme era poupar a vida
do casal de protagonistas, então eu particularmente preferiria um final
onde eles, sobreviventes da chacina dos vampiros, apenas fugissem de
carro, deixando para nossa imaginação os eventos que poderiam ocorrer
depois disso, em vez da opção escolhida, com eles pedindo ajuda na
cidade vizinha de Bojoni e recebendo a informação que o vilarejo de
Tolnia não existe, indo até o local com os policiais e não encontrando
nada, e a câmera fechando a imagem num canto que esconde o ônibus
destruído em que eles viajavam. Curiosamente,
“A Orgia Noturna dos Vampiros” possui o nome original espanhol “La
Orgia Nocturna de los Vampiros” e recebeu outros títulos alternativos
como “Grave Desires” e “Orgy of the Vampires”.
“A
Orgia Noturna dos Vampiros” (La Orgia Nocturna de los Vampiros / The
Vampires Night Orgy, Espanha, 1973) # 383 – data: 27/05/06






































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