
Desaparecidos é um filme de terror brasileiro de 2011 dirigido
por David Schürmann (de “O Mundo em Duas Voltas”, 2007) e escrito por
Rafael Blecher e David Schürmann. Estrelado por Adriana Veraldi, André
Madrini, Charlene Chagas, Fernanda Peviani, Natália Vidall, o filme
conta a história de um grupo de seis amigos que após irem a uma festa em
uma ilha no litoral paulista (Ilhabela), desaparecem e apenas câmeras
com imagens assustadoras(?) dos mesmos são encontradas pelas
autoridades, sendo estas imagens o único meio para descobrir o que
aconteceu com o grupo.
A Bruxa de Blair...ops..."Desaparecidos" tentou, como ponto de partida, utilizar o conceito de transmídia
depois do diretor conhecer o conceito durante o Festival de Cannes.
Schurman quis colocar em prática a idéia e observar se os jovens se
questionavam sobre a veracidade de informações que liam na internet.
Para isso, criou perfis falsos em redes sociais para promover a festa
“Luz, Câmera, Party!” que funcionou como isca para atrair a curiosidade
dos incautos internautas até que a notícia do filme fosse revelada. A
produção do filme começou no fim de novembro de 2010 e as filmagens
duraram 15 dias com um custo de cinqüenta e cinco mil reais.

Schurman acreditava que o público estava carente de filmes brasileiros que não sejam de comédia, ação ou "que querem dar lição de moral"
e sua vontade era a de contar um filme de terror, mas um terror voltado
ao psicológico e não voltado às vísceras e sangue. Infelizmente, de
boas intenções o inferno está cheio e “Desaparecidos” deixou uma clara
impressão de oportunismo e imaturidade profissional. Mesmo com as
belezas naturais de Ilhabela sendo (até que competentemente!)
encaixadas pela direção fotográfica do canadense Todd Southgate o filme
não passou nenhuma impressão que não fosse a de um plágio sem-vergonha
de “mockumentários” Made in USA.
Já assisti produções nacionais de horror produzidas com bem
menos que 55 mil pilas e que deixaram sua marca na história do cinema de
gênero então não me venham falar que o fiasco que se tornou o filme de
Schürmann se deve ao caso de falta de verbas. O filme é mal dirigido, a
edição da “sujeira” digital (efeito incluído para tornar as imagens das câmeras como se fossem artefatos encontrados)
é tão freqüente que se torna irritante, mas só perde para a
irritabilidade causada pelos gritos histéricos das patricinhas perdidas
na mata, que se atropelam em suas próprias interpretações numa cacofonia
de uivos babentos e ganidos forçados de dor. Nem mesmo a exposição de
peitinhos e uma sessão “upskirting” promovida pela modelo mineira Adriana Veraldi conseguiu salvar o filme.

E quanto ao sangue cenográfico...com menos de cinco minutos de
consulta na web qualquer um consegue no mínimo umas 8 receitas de como
se fazer um sangue cenográfico bastante realista, mas parece que a
equipe de efeitos especiais da produção levou muito a sério o lema ”faça você mesmo”
e decidiu melar mais ainda o filme com um sangue tão descolorido e
aguado que mais parecia ter sido feito com tinta guache e água. E isso
sem citar a “criatura” (mal) construída na base de um After Efects da
vida...
PORRA, DANIEL!!! VOCÊ TINHA 55 MIL
PILAS, RAPAZ!!! DEIXA DE SER MUQUIRANA E DA PRÓXIMA VEZ PAGA UMA EQUIPE
DECENTE DE MAQUIAGEM!!!
(pausa para respirar)
Muitos que estão lendo esta matéria podem estar pensando agora “Puxa...
mas que cara chato. Dê uma chance pro diretor, afinal quem sabe isso
não pode ser o início de um caminho onde finalmente poderemos assistir
filmes do gênero horror tipicamente brasileiro”. Eu
não tenho nada contra ousar e criar, mas temos que levar em conta tanto a
originalidade quanto (e por que não, principalmente) a humildade. O Sr.
David Schürmann entende tanto de filmes de horror quanto eu entendo de
cirurgia cerebral e a prova disso é uma avalanche de bobeiras que ele
costuma lançar sobre seu filme na mídia comprada que lambe a sua cria.
Não vou citar o nome das ditas páginas, mas em qualquer busca no Google
você também poderá encontrar pérolas como esta que posto abaixo:
"Essa foi uma
oportunidade única. Acho que o pessoal tem medo de ousar no cinema. Se o
filme tivesse ficado tosco, talvez eu tivesse algum receio de lançá-lo,
mas ficou bom. Até agora, só tínhamos um cineasta de terror, o Zé do
Caixão, que tem um lado mais cult.”

Pelo jeito ele não conseguiu encontrar “A Noite do Chupacabras”
de Rodrigo Aragão, “Porto dos Mortos”, de Davi de Oliveira Pinheiro ou
“Entrei em Pânico Ao Saber O Quê Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do
Verão Passado – Parte 2” de Felipe M. Guerra” na locadora perto de sua “humilde” casa para registrar José Mojica Marins (o verdadeiro cineasta; Zé do Caixão é apenas um personagem criado pelo próprio) como o único diretor de longas de horror do Brasil e isso porque não estou citando os diretores de curtas como “Desalmados: O Vírus”, a trilogia "3 Cortes", “Estranha”, “A História de Lia”, "Ninjas" e “Horário Nobre” que literalmente humilhariam qualquer outro longa-metragem de horror que ele por ventura fosse produzir.
A falta de “cultura do medo” de David Schürmann só é precedida
pela sua falta de humildade. Em outra declaração o diretor disse que “não tem nada contra os filmes alternativos, mas que prefere atingir o público que vai ver Atividade Paranormal e Transformers".
Vocês acham que eu estou exagerando? Não é apenas uma raiva
solitária de blogueiro contra um filmeco picareta. “Desaparecidos” foi
na sua maioria malhado massivamente por críticos especializados no
cinema. Érico Borgo
do portal UOL classificou o filme como ruim em sua crítica. Alegando
que não passa de uma cópia de filmes estrangeiros, dizendo: "Independente
da irrelevância do debate, se ‘Desaparecidos’ tivesse alguma idéia
verdadeiramente sua, talvez valesse a pena. Mas Schurmann faz uma
colagem sem-vergonha de tudo o que foi lançado nesse estilo [transmídia]
até aqui - e consegue ser ainda pior do que seus antecessores."

RobertoGuerra, do Cine Click, fez uma crítica severa para "Desaparecidos", chamando-o de "difícil de engolir",
e que o momento de alívio para o telespectador se dá quando os créditos
finais sobem na tela. Sobre as personagens, Guerra diz: "O
espectador não é levado a torcer por nenhum dos personagens e muito
menos se identifica com quem quer que seja. Todos são chatos e vazios,
mal construídos, e nos levam a torcer pelo vilão. A cada jovem que sai
de cena, um alívio. Nem ao menos ficamos na expectativa de quem será o
próximo. Tanto faz desde que não demore muito."
Outro ponto fraquíssimo da produção foi a falta de estudo das
situações decorrentes. As câmeras portáteis dos protagonistas desafiam
as leis da lógica filmando lugares que sequer estão focados em seu campo
de visão, a absoluta limpeza na roupa dos jovens perdidos numa mata
fechada e repleta de lama chega a ser tão berrante quanto os pedidos de
socorro das mulheres e por aí vai, mas o que mais me chocou foram as
cenas da perícia policial que são apresentadas no decorrer dos créditos
finais. Numa época de “CSI’s” e “Dexter’s” qualquer um sabe que não se
deve tocar nas provas de um crime sem que esteja com luvas e objetos
apropriados para coleta e os infelizes que assistiram a este filme até o
final sabem de qual cena estou falando...

Em suma, “Desaparecidos” é um verdadeiro desfalque
cinematográfico e a prova concreta de que para se fazer cinema de gênero
no Brasil não é necessário ter apenas uma “idéia na cabeça e uma câmera na mão”... um bolso cheio de dinheiro ajuda bastante também.
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